terça-feira, 8 de abril de 2014

Maioria das escolas não atinge meta no Idesp

Clipping Diario do Grande ABC



Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
Andréa Iseki/DGABC
Mais da metade das escolas do Grande ABC não atingiram suas metas no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) em 2013 nos anos finais dos ensinos Fundamental e Médio. É o que mostra levantamento feito pelo Diário nos relatórios de desempenho de 327 unidades de ensino, divulgados pela Secretaria Estadual da Educação nesta semana.
No 9º ano do Ensino Fundamental, 56,35 % das escolas tiveram desempenho inferior ao projetado, enquanto no Ensino Médio, 63,84% não apresentaram o resultado esperado individualmente.
Na região, 136 instituições que oferecem Ensino Médio não alcançaram a meta traçada. Entre 2012 e 2013, as sete cidades apresentaram queda no desempenho dos alunos no último ciclo de aprendizagem.  Já entre as escolas que ofertam segundo ciclo do Ensino Fundamental, 133 apresentaram resultados insatisfatórios. Neste caso, apenas Rio Grande da Serra declinou. No Estado, o índice no Ensino Fundamental se manteve estável (nota 2,50), mas houve queda no desempenho dos estudantes de Ensino Médio – passou de 1,91 para 1,83.
O Idesp existe desde 2007 e atribui nota de zero a 10 às escolas do Estado com base no desempenho do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar) – que mede conhecimentosem Português e Matemática, além de aspectos como frequência e evasão escolar.
Para o coordenador da subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) em Santo André, Alexandre Ferraz, os números representam o cenário de desvalorização do aluno no ensino básico público do Estado, em especial no Ensino Médio. “Infelizmente os jovens estão desfavorecidos por serem oriundos da periferia, a maior parte precisa trabalhar para sobreviver e a escola não oferece opção que vincule o estudo ao mercado de trabalho, como defendemos”, destaca.
Entre outros problemas destacados por Ferraz está a desmotivação por parte dos educadores, tendo em vista que a carreira docente deixou de ser atrativa, na sua opinião. “Temos uma estagnação no ensino e, por isso, os índices não avançam”, diz.
A Secretaria da Educação do Estado aponta, no entanto, que 285 escolas estaduais da região atingiram ou superaram suas metas em 2013 em pelo menos um dos ciclos: 1º ou 2º ciclo do Fundamental ou Ensino Médio. De acordo com a Pasta, a tendência é que São Paulo obtenha melhores índices a partir do ciclo 2 do Ensino Fundamental, chegando ao Ensino Médio. O Estado destaca ainda ter aprimorado o sistema de progressão continuada, ampliando as possibilidades de retenção dos estudantes (no 3º, 6º e 9º ano). 
Bom desempenho é resultado de gestão dedicada, segundo alunos
Na EE Professora Anésia Loureiro Gama, no bairro Anchieta, em São Bernardo, a realidade é outra. Melhor entre as instituições de Ensino Médio e segunda melhor entre as escolas que oferecem 9º ano do Ensino Fundamental, a unidade não tem problemas estruturais e conta com direção rígida e empenhada, segundo os estudantes.
“Minha filha mais velha estuda aqui desde o 6º ano (Ensino Fundamental) e hoje está no 1º ano (Ensino Médio). Infelizmente não consegui vaga para meu filho mais novo”, comenta a microempresária Maria José Torres, 34.
Já os alunos destacam o trabalho da equipe gestora. “Comparando com as demais escolas, temos mais organização e direção rígida”, considera o aluno do 2º ano do Ensino Médio Matheus Oliveira, 18. Para a jovem Mariana Brazolin, 16, outro ponto importante é o empenho dos professores, que quase não faltam.
Estudantes destacam falta de interesse
As escolas com os piores desempenhos no Idesp no 9º ano do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio, caso da EE Padre Agnaldo Sebastião Vieira, em Santo André, e EE Professor Célio Luiz Negrini, em São Bernardo, respectivamente, sofrem com praticamente os mesmos problemas. Comunidade escolar aponta falta de estrutura, aulas vagas e desinteresse dos alunos.
“Meu filho tem aula vaga toda semana. A escola precisa de organização”, reclama o taxista André Luiz, pai de aluno do 6º ano da EE Padre Agnaldo Sebastião Vieira. Já para estudante de 16 anos, o problema são os colegas. “O que falta é o pessoal prestar atenção na aula. É muita bagunça.”
A Secretaria Estadual da Educação alega que a unidade está com o quadro de professores completo e toda falta pontual é suprida com eventuais.
Em São Bernardo, na EE Professor Célio Luiz Negrini, no bairro Montanhão, alunos reclamam da sujeira. “Os banheiros estão nojentos e as carteiras são horríveis. Isso atrapalha na hora de aprender”, conta estudante de 15 anos.
Segundo o Estado, a unidade tem quatro funcionários da limpeza, que diariamente realizam o serviço, e recebeu 160 conjuntos de carteiras. (Renata Rocha, especial para o Diário

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