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Chapa "tapioca com açaí" lançada pelo PSB afina discurso anti-PT durante cerimônia que formalizou a participação da ex-senadora na campanha eleitoral
Laryssa Borges e Marcela Mattos, de Brasília
Eduardo Campos e Marina Silva durante lançamento da chapa eleitoral do PSB em Brasília - Fernando Bizerra Jr./EFE
Ex-governador de Pernambuco, o presidenciável Eduardo Campos fez da presidente Dilma Rousseff seu alvo preferencial durante o evento que selou a presença da ex-senadora Marina Silva na chapa eleitoral do PSB. Campos criticou a condução da economia e o baixo crescimento brasileiro e defendeu a integração e ampliação dps programas sociais. Ao lado da ex-senadora, Campos condenou a gestão da Petrobras, empresa envolvida em suspeitas de mau gerenciamento e ameaçada de ser investigada em uma CPI.
“O Brasil não pode ficar sem alternativa, entre o debate do presente e do passado. O Brasil precisa ter opção de caminhar para frente, de cuidar de acúmulos positivos que tivemos e de corrigir onde precisávamos. Mais do que um gerente, o Brasil quer uma liderança que construa o diálogo, que respeite a diferença, que marque encontros, que não amesquinhe a vida política e que não reduza o Brasil a um partido”, disse. “É hora de reafirmar a política, mas não a política que está nos levando para trás”, completou.
Em seu discurso, Campos ainda criticou a desvalorização crescente da Petrobras nos últimos anos e os recentes escândalos envolvendo a estatal, que incluem a malsucedida compra da refinaria de Pasadena, no Texas. “Não vamos permitir que a Petrobras se transforme em um caso de polícia”, afirmou.
Anunciado pelo secretário-geral do PSB Carlos Siqueira como ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos poupou o ex-presidente Lula, de quem foi subordinado. Ele optou por criticar os “últimos três anos” do petismo (gestão de Dilma) e o chamado presidencialismo de coalizão. “Nesses últimos três anos o Brasil perdeu o rumo estratégico, dizia que ia pra um lado, ia para o outro. O Brasil foi perdendo seus fundamentos macroeconômicos. A gente viu (...) que o Brasil parou e o povo foi perdendo a fé e a crença que a vida pode melhorar no futuro. O mundo foi perdendo a crença no Brasil”, disse.
Leia também: O campo minado na aliança de Eduardo Campos e Marina
Campos: 'Brasil não aguenta mais quatro anos de Dilma'
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Tapioca e açaí – Com um capital político de quase 20 milhões de votos, Marina Silva também atacou o aparelhamento do governo atual, que chega a inacreditáveis 39 ministérios – e aparece, de forma recorrente, com afilhados políticos envolvidos em denúncias de corrupção. “A política não pode mais ser orientada pela lógica da governabilidade com base na distribuição de cargos. A política não pode mais ser o empecilho para o avanço do país”, disse em seu discurso de 30 minutos.
“É o atraso na política que faz a gente não corrigir e que faz com que a gente não encare os novos desafios. Nós não podemos ser complacentes com os erros e temos de encarar os novos desafios”, disse ela, que classificou a parceria com Eduardo Campos como “um casamento de uma tapioca com um açaí”. “Essa não será uma conquista de apenas um grupo, um partido ou uma liderança. Quando nós nos encaminhamos para esse encontro que simbolicamente vocês chamam Eduardo-Marina, ou seja, um casamento de uma tapioca com um açaí, o que estávamos nos dispondo não era apenas dividir um palanque, apenas entrar juntos em uma disputa eleitoral, mas compartilhar um legado.”
A escolha de Marina pelo PSB foi consolidada após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)negar registro ao partido Rede Sustentabilidade, que não conseguiu cumprir o requisito básico de recolher o mínimo de 492.000 assinaturas. Ao se anunciar como candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos, Marina voltou a criticar a decisão da Corte. “É triste e doloroso perceber que, nesse momento, em plena atualização do processo político na realidade no mundo, [a Rede] não conseguiu espaço em plena democracia para conseguir seu registro”, disse.
TV – Apesar da intenção de formar uma “terceira via” no cenário político nacional, a dupla Eduardo-Marina possui um baixo tempo de exposição em programas gratuitos na televisão. O tempo de TV é considerado o principal catalisador de votos para candidatos. Como a Rede Sustentabilidade não é oficialmente um partido político, a presença de Marina na chapa não agrega um segundo sequer ao programa partidário da coligação PSB, PPS e PPL. Entre os principais presidenciáveis, Campos é o que terá menor tempo de propaganda gratuita, cerca de 3 minutos, contra projeções de até 12 minutos para Dilma. “É uma chapa presidencial com vice que não é pra fazer composição, nem para trazer tempo de TV ou grande partido, mas Marina qualifica candidatura de Eduardo Campos”, ponderou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire.
Palanques regionais – Mesmo com a chapa selada, Marina Silva e Eduardo Campos ainda precisam negociar a formação de pelo menos onze palanques regionais. Desde que Marina se filiou ao PSB, em outubro do ano passado, socialistas e militantes da Rede têm trocado farpas sobre a situação nos Estados. A falta de alinhamento total entre os “marineiros” e o PSB esbarra, segundo os socialistas, na resistência de Marina em formar alianças partidárias.
De acordo com o líder do PSB na Câmara e um dos coordenadores da campanha de Campos, deputado Beto Albuquerque (RS), atualmente há acordo para aliança em dezesseis Estados. No entanto, as desavenças permanecem em Estados considerados chave pela expressão do eleitorado, como São Paulo e Minas Gerais.
No reduto do presidenciável Aécio Neves (PSDB), Marina Silva contrariou a intenção da legenda e deu aval à candidatura do ambientalista Apolo Heringer, em direção oposta de Campos, que havia se manifestado favorável ao ex-ministro tucano Pimenta da Veiga. Em São Paulo, o PSB insiste em lançar o nome do deputado Márcio França ao governo, enquanto a Rede tem outros candidatos, como o deputado Walter Feldman, hoje na legenda. “Há uma independência entre o PSB e a Rede e isso foi assegurado desde o início da aliança”, minimizou Feldman.
No reduto do presidenciável Aécio Neves (PSDB), Marina Silva contrariou a intenção da legenda e deu aval à candidatura do ambientalista Apolo Heringer, em direção oposta de Campos, que havia se manifestado favorável ao ex-ministro tucano Pimenta da Veiga. Em São Paulo, o PSB insiste em lançar o nome do deputado Márcio França ao governo, enquanto a Rede tem outros candidatos, como o deputado Walter Feldman, hoje na legenda. “Há uma independência entre o PSB e a Rede e isso foi assegurado desde o início da aliança”, minimizou Feldman.
“Onde não der para estar junto, não vai ter nenhum trauma. Estamos fechados em dezesseis Estados”, disse Beto Albuquerque. “A única coisa que não abrimos mão é de ter palanque para Eduardo Campos. A nossa primeira meta é elegê-lo.”
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